quarta-feira, 10 de agosto de 2011

O medo do não


De verdade, não conheço nenhum autor que tenha passado pelo processo de encaminhar originais às editoras e tenha recebido um: SIM! de todas elas.
Meus amigos, alunos e correspondentes passaram por vários “nãos” antes de conseguirem publicar o primeiro trabalho.
Posso dizer por experiência própria que, eu mesma, depois de ter publicado meus primeiros livros também recebi um monte de “nãos” nas outras tentativas. E continuo recebendo!
Ter um livro publicado não é garantia, absolutamente, de que seus próximos trabalhos serão bons, ou melhor, de que o mercado estará preparado para eles.
A pergunta que me ocorre é: por que é que artistas, em particular, lidam tão mal com a rejeição?

Pense bem: quantos vendedores de um magazine ouvem a palavra “não” diariamente? E quantas vezes isso ocorre?
Todas as pessoas que estão em vias de fechar um negócio, têm, no mínimo, 50% de chance de terem suas propostas rejeitadas. Mesmo que sejam boas, mesmo que o mercado precise daquele produto, mesmo que o comprador possa pagá-lo, que o preço seja justo, que o produto seja único.
Então, qual é o drama? Por que escritores ficam sofrendo de síndrome de exclusão quando as editoras não aceitam o original?
Por que isso leva a um estado depressivo que muitas vezes, até mesmo corta prematuramente, uma carreira que poderia ser de sucesso?
Por que não lidar com a coisa toda pensando em termos... mais comerciais?
Ah... Essa é uma questão polêmica e pouco discutida... O brio, normalmente, não deixa que se fale sobre isso nas rodas intelectuais...
O autor choraminga porque seu original foi rejeitado. O original está sendo apresentado a uma editora porque o autor pretende que a obra seja publicada e vendida...
Assim, o texto, que inicialmente era só conteúdo artístico, está agora sendo apresentado como produto; será comercializado, é essa a intenção. Como produto, pode ser aceito ou não.
Para que tanta mágoa? Não é pessoal, é comercial. É um negócio.
Escrever pode ser arte, mas publicar é comércio. (Estou preparada para a saraivada que ouvirei dos editores... Sim, sim, entendo que há muito de arte no processo de publicação, mas, quando se ganha para fazer algo e se cobra por esse mesmo algo de quem o quer adquirir, isso é, indubitavelmente, uma relação comercial)
Acho que tem a ver com um velho chavão de: plantar uma árvore, ter um filho e escrever um livro... “Obras”, “coisas” para a posteridade... Isso, mas muito diferentes entre si, ou teríamos que sair por aí vendendo crianças e cobrando para plantar árvores; quem sabe, parindo textos e mudas... Ou ainda, plantando... bem, esqueça!
Resumo da ópera: a rejeição é ao produto, não a você e ponto final.
Livre-se da culpa e continue enviando seus originais, até receber o grande “sim”.

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